Sobre alguns conceitos no Magic: The Gathering | Magic
Escrito por tchuco
Publicado em 12/04/2023
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Salve galera! Como vocês estão?
Me chamo Rafael Kenji, também conhecido como tchuco no MTGO, sou de Londrina - PR, jogo magic competitivamente há sete anos e há um ano me tornei um grinder no MOL e streamer(twitch.tv/tchucomtg). Recentemente, tive algumas experiências como coach de jogadores de Rakdos Midrange, tenho feito alguns deck guides e auxiliado jogadores a melhorar alguma match em específico. A partir disso, tive a ideia de criar uma série dentro do blog do MYP cards para ajudar os jogadores que tem interesse em entrar no universo competitivo do Magic: The Gathering.
Nos dois últimos artigos dessa série, abordei dicas para jogadores que tem uma gameplay não tão refinada e ferramentas para jogadores que estão se preparando para algum torneio. Hoje, gostaria de trabalhar a parte mais teórica do Magic: The Gathering, e talvez a parte que mais gosto no jogo: conceitos.
“Mas o que são conceitos dentro do Magic: The Gathering?” Para quem é mais familiarizado com o meio acadêmico e filosófico, já escutou a expressão: conceito científico. “Conceito significa definição, concepção ou caracterização. É a formulação de uma ideia por meio de palavras ou recursos visuais”. Quando você diz: “só jogo de aggro!”. Você está fazendo uso do conceito de "aggro", que se refere a decks que tentam finalizar o jogo da maneira mais direta possível. A partir disso, vamos trabalhar alguns conceitos que servem tanto para jogadores iniciante(nível 1) e jogadores de torneio (nível 2).
- Recurso
Talvez um dos mais importantes conceitos do Magic é o de recurso, pois uma vez entendido a importância de utilizar os recursos disponíveis da melhor forma possível e principalmente dentro de um plano de jogo, você passa do nível de jogador iniciante para o de jogador de torneio. Mas, o que são recursos no Magic? A resposta mais óbvia: são as nossas cartas. Porém, existem outros recursos no Magic além delas: informação das cartas no seu topo e fundo, as fases de jogo do Magic, nossos pontos de vida, informação da mão do nosso adversário, cartas no cemitério, exílio e sideboard, quantidade de mana disponível, recursos psicológicos como blefes e postura de jogo etc.
Um exemplo que ocorre bastante com jogadores iniciantes: quando um jogador faz um dork como um Elfos de Llanowar , seu oponete faz uma criatura 2/1 qualquer e ataca. O Jogador inciante pensa: vou preservar meus pontos de vida e tirar uma criatura 2/1. Mas não percebe a vantagem absurda que é jogar um turno à frente graças a mana gerada pelo seu Dork. (Obviamente, que quanto menos vida se tem, mais valioso esse recurso se torna, e muitas vezes esse pode ser um block necessário, da mesma forma que quanto mais o jogo se estende, menos relevante o dork se torna).
É muito provável que a primeira carta que te ensine a olhar diferente para os seus recursos e possibilidades é o Sign in Blood . Duvido que você, jogador de Pauper, nunca tenha ganho um jogo fazendo com que seu oponete compre 2 cartas e perca dois de vida.
- Vantagem de cartas:
A vantagem de cartas diz respeito ao famoso "2 pra 1", quando uma carta consegue lidar com duas ou mais cartas do oponente e/ ou deixar uma permanente na mesa ou te dar um draw. Exemplos corriqueiros do pioneer:
Mas, você pode extrair valor de cartas de uma maneira que te proporcionem vantagens de cartas: você pode fazer com que seu Raio ou Fatal Push , lide com duas cartas ao invés de uma(o famoso 2 pra 1 ou card Advantage): Quando seu oponente utiliza Defiant Strike em um Favored Hoplite , e você responde o trigger do Favored Hoplite castando alguma remoção, esse tipo de vantagem fará total diferença no decorrer do jogo.
- Vantagem de tempo:
Esse conceito não é tão notado por jogadores inexperientes que muitas vezes não reconhecem o peso de uma Thalia, Guardian of Thraben. A forma mais direta que os jogadores podem extrair vantagem de tempo é através de ramp, aceclerando a quantiadade de mana através de terrenos, dork e tesouros. Mas, ainda há outras formas de ganhar tempo como taxar as mágicas de seu adversários e devolvendo cartas para a mão ou topo.
Outra situação análoga ao Raio que faz um dois pra um, é a remoção de ganha um tempo: esperar seu opoente usar a habilidade de equipar e responder ela com a remoção, para que ele perca as manas do turno e você ganhe um tempo.
Um deck que é um bom exemplo do uso de vários recursos é o Grixis Shadow de 2018.
Deck Grixis Death's Shadow - Modern
Autor: tchuco
Main (60 cards)
Side (15 cards)
O deck consegue jogar tranquilamente com apenas dois terrenos e castar mágicas poderosíssimas com poucas manas:
- Utilizando a vida: cartas como Capturar Pensamento , fetch lands, Shock lands, Aparição de Estrada e Desmembrar fazem com que seu Death's Shadow entre na mesa muito rápido e muito grande.
- Utilizando o cemitério: o deck utiliza o cemitério como um recurso com a habilidade de delve, e utiliza recursos do cemitério através do Snapcaster Mage e Comando de Kolaghan . Você consegue castar rapidamente o Gurmag Angler pela quantidade de cartas que você coloca no cemitério com as fatch lands, Thought Scour , descartes e Aparição de Estrada .
- A sinergia entre o cemitério, pontos de vida, fatch lands, revolta, ferocious etc. Fazia com que o deck extraísse muito valor utilizando outros recursos que não a quantidade de mana, afinal o deck só possui 18 terrenos.
- As melhores decisões sempre serão tomadas com a maior quantidade de informação possível.
Esse conceito tem como base cinco possíveis ações: descarte, compra, vidência, habilidades desencadeadas obrigatoriamente por alguma mudança de fase de jogo(exemplo: triggers de sagas), e interações em instant speed. Se for possível realizar algumas dessas ações antes da tomada de decisão final, a sua jogada será extremamente sólida.
- Exemplo 1: situação em que há um Teferi, Hero of Dominaria ou Narset, Parter of Veils em campo e você pode utilizar um Veredito Supremo , é melhor você utilizar as habilidades dos planeswalkers antes de tomar a decisão de usar o Veredito Supremo.
- Exemplo 2: você possui 6 terrenos, uma Arclight Phoenix , Crackling Drake e Opt na mão. Seu oponente possui 3 pontos de vida, e você sabe que ele utiliza Bonecrusher Giant // Stomp e possui duas manas desviradas. Você pode utilizar o seu Opt , afim de encontrar um Spell Pierce e tentar fechar o jogo naquele turno castando a Arclight Phoenix por 4 manas. Após o draw do Opt , poderá tomar a decisão de qual das duas criaturas castar.
- Exemplo 3: No turno 4, se você está em dúvida entre fazer um Bonecrusher Giant // Stomp use, uma Fábula do Quebrador de Espelhos // Reflexo de Kiki-Jiki ou um Graveyard Trespasser // Graveyard Glutton . Você pode usar um Capturar Pensamento , extrair a informação da mão do seu adversário e explorar melhor a sua curva 3.
Um dos parceiros da mypcards, o Coronado do canal No passe, Raio(youtube.com/@nopasseraio) me autorizou a utilizar uma de suas missplays gameplays como exemplo.
Um exemplo de uma play que fere esse princípio, feita pelo jogador Coronado em sua liga pauper: ele inicia o jogo usando Chain Lightning . Uma jogada que não diminui significativamente os pontos de vida, não constrói board e dá a informação de qual deck você está jogando para o seu adversário. Se o objetivo era aproveitar a mana, para passar o máximo de dano possível, ele poderia dar um Raio no passe(como é o nome do seu canal rs).
- Bolt the bird!
Talvez um dos primeiros memes do Magic e que também reflete a importância de respondermos um dork no momento em que ele bate na mesa, pois se seu oponente possui uma mana mais, é uma vantagem completamente absurda.
E dando sequência ao jogo do nosso amigo Coronado, observamos a consequência de não seguir esses princípios de jogada com o máximo de infomação e não respeitar o "bolt the bird!".
A jogada escolhida foi: Experimental Synthesizer e Kuldotha Rebirth . Das decisões possíveis, talvez essa tenha sido a pior: não eliminou o Elfos de Llanowar , não colocou o Kessig Flamebreather na mesa, e transforou o seu maior card advantage em um card disadvantage.
E a consequência disso foi a board desse tamanho...
Voltem ao primeiro print, e imagine o seguinte sequenciamento:
- Faço a Montanha e passo turno.
- Meu oponente faz um Elfos de Llanowar , o que muito provavelmente quer dizer que ele está jogando de elfos. Faço um Galvanic Blast no Elfos de Llanowar .
- Próximo turno, faço o Kessig Flamebreather com a mesa do meu opoente limpa.
- Ele faz outro elfo qualquer e passa o turno.
- Faço Experimental Synthesizer , 1 de dano com o Kessig Flamebreather , vejo qual a carta está no topo, se for um burn, mato o elfo. Se for um terreno, faço o terreno e Chain Lightning no elfo, mais um dano com o Kessig Flamebreather .
- Etc...
Esse me parece um sequenciamento muito melhor, respeitando a importância das informações, planejamento de turno e aproveitando os seus recursos da melhor forma...
Já aproveitando o momento para mostrar uma gameplay minha e divulgar as lives de quintas-feiras às 19h30, em parceria com a MYPCards! Nas lives quinta, vocês podem escolher o formato e deck que jogarei através do instagram do MYPCards(instagram.com/mypcards/).
Nesse jogo contra meu amigo Marcola, que também é um grinder, não consegui responder o Elfos de Llanowar no turno 1, e a consequência disso foi: 5 permanente no turno 2. Portanto, não se esqueçam: bolt the bird!
Espero que tenha contribuído com a gameplay de vocês e com um conhecimento teórico um pouco diferente do convecional. Me sigam, nas redes sociais:
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Deixem seu comentário e sugestões!
Muito obrigado a todos, e até breve! Um beijo do seu tchutchuco!
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